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Vinicius Uhlmann

Entre-eixos e PBT: tudo o que você precisa saber

Atualizado: 24 de out. de 2019

A distribuição do peso de uma carga em um baú frigorífico ou outro implemento é algo que deve ser observado com cuidado, seja na aquisição de um caminhão ou mesmo no seu carregamento. A relação entre o Peso Bruto Total (PBT) de um caminhão e seus eixos é fundamental e elementar para otimizar o carregamento de um implemento e andar dentro da legislação e respeitando pesos e dimensões do veículo.


Para você entender essa relação e fazer a melhor escolha, preparamos este artigo no qual você vai entender:


Distribuição do peso entre eixos;

Soluções usando a carroceira;

Soluções usando os eixos.

Aproveite a leitura e aprenda mais sobre este importante assunto.


A relação entre eixos e peso bruto total


O primeiro aspecto a se observar é que uma coisa é o peso total que um caminhão pode ter, o PBT. Outra é o que cada EIXO do caminhão pode suportar seja, pelo aspecto técnico ou pela legislação. Veja o exemplo abaixo.


Em um caminhão como PBT homologado (permitido pela legislação) de 8.500 kg, o caminhão, o implemento, o equipamento de refrigeração e a carga útil de fato só podem somar 8,5 toneladas para estar dentro da lei. Graças a força da gravidade, essas 8,5 toneladas serão aplicadas no chão através das rodas passando pelos eixos.


Só que, além desse limite total, o fabricante vai definir quantos quilos no máximo cada eixo pode suportar. Por exemplo, pode ser dado que o eixo dianteiro pode, tecnicamente, receber 3.200 kg e o traseiro 5.600 kg. Ou seja, se jogarmos 8 toneladas no eixo traseiro e 500 quilos no dianteiro, estaríamos dentro do PBT homologado pelo caminhão, mas estaríamos com excesso quanto à restrições técnicas do caminhão, já que o eixo traseiro estaria com 2.400 quilos de excesso de peso técnico. 


Isso faria com que o caminhão tivesse um desgaste prematuro dos pneus, dos elementos da suspensão, dos freios. Também traria problemas estruturais para o veículo prejudicando a integridade de chassi. Acima de tudo, seria um caminhão muito inseguro, já que existe todo um dimensionamento de estabilidade e freios na condução de cargas pesadas assim. 


Certo, mas como se consegue então distribuir o peso entre os eixos? Antes de responder é preciso trabalhar o conceito de equilíbrio de forças. Vamos à resposta.


Distribuindo o peso entre eixos 


Imagine uma gangorra em um parque infantil.  Em uma ponta colocamos uma criança com 20 quilos. Na outra ponta, uma outra criança com os mesmos 20 quilos. Por estarem à mesma distância do centro, a gangorra estará em equilíbrio, e a força no eixo da gangorra será de 40 quilos (a soma das duas crianças, desprezando o peso da própria gangorra). 


Agora, se afastarmos a segunda criança 1 metro do eixo da gangorra e mantivermos a primeira no mesmo lugar, a gangorra sairá de equilíbrio, já que à medida que nos afastamos do eixo, temos uma força relativamente maior. 


De forma bem simplificada, o mesmo acontece na distribuição de carga de caminhão em seus eixos. Imagine um caminhão sem implemento.



Quando se subtrai o peso do caminhão por eixo (em vermelho, na imagem acima) da capacidade total por eixo (em azul), chegamos à capacidade disponível por eixo para a carga e o implemento. A soma da capacidade disponível no caso acima então é de 5.850 kg. 


Agora vamos imaginar uma bola de chumbo que pese esses mesmos 5.850 kg e vamos colocá-la exatamente na metade da distância entre os dois eixos:



Como a bola está na mesma distância do eixo dianteiro e do traseiro, é seguro dizer que o seu peso seria dividido igual para cada um. Então, cada eixo receberia 2.925 Kg de carga. E como nós já tínhamos a capacidade disponível, podemos aplicar essa carga (no caso subtrair) e descobrir se o eixo está com sobrepeso (excesso de peso no eixo) ou não. 

Veja que no caso do eixo traseiro, tínhamos 4.600 kg disponíveis. Aplicados 2.925 kg de carga, ainda sobraram 1.675 kg até o limite técnico do caminhão. Já no eixo dianteiro, tínhamos disponíveis apenas 1.250 kg. Quando aplicamos os 2.925 kg, obtivemos um sobrepeso de 1.675 kg (observe que o sinal está negativo, ou seja, passamos do ponto limite).


Observe que apesar de estarmos com uma carga aceitável para esse caminhão (5.850 kg), estamos tendo um sobrepeso no eixo dianteiro. Dessa forma, esse carro terá muitos problemas com manutenção, na dirigibilidade, na segurança e, finalmente, com a Polícia Rodoviária.


Usando a distância entre eixos


Mas então como resolver isso? Simples! Movendo a bola na direção do eixo traseiro! Quando a carga está entre os dois eixos, quanto mais próximo de um eixo maior fica a distribuição da carga nela. O inverso acontece quando se afasta de um eixo.


No exemplo acima, somente movendo a carga para trás, conseguimos deixar os eixos perfeitamente dentro de suas capacidades. 


Aí você me diz: “Muito bem, mas eu não quero transportar bolas de chumbo. Eu transporto carnes, laticínios, peixes, frango...”.


É eu sei... e me desculpe por isso. Mas a bola é uma forma fácil de entender um conceito importante que é o centro de massa da carga. O centro de massa é o ponto onde – se pudéssemos levantar a carroceria por ele – a carroceria estaria equilibrada como a gangorra que mostramos acima.


Em uma bola como a do exemplo, o centro de massa sempre vai ser o centro da bola. Mas todo baú frigorífico também tem o seu centro de massa. Ele é pouco mais sofisticado do que o da bola porque considera a forma como o peso da carroceria se distribui ao longo do comprimento e as capacidades possíveis de carga útil (o carregamento de fato).


É importante observar que o centro de massa de uma carroceria frigorífica não necessariamente será no meio dela, já que ela pode conter um equipamento de até 500 kg na ponta ou acessórios diferentes que possam modificar a dinâmica de peso. É importante contar com uma empresa séria e que esteja preocupada com essas questões na hora da escolha de seu implemento.


Resolvendo o problema


Conhecido o centro de massa da carroceria, é preciso analisar se as capacidades dos eixos são compatíveis em uma conta muito parecida com a que fizemos acima.

Porém, há um pequeno agravante: não é possível sair puxando a carroceria para trás para trazer o centro de massa também mais para trás, como fizemos com a bola. Pior ainda seria ir na direção do eixo dianteiro, já que a cabine limita o movimento do baú, não é mesmo?


Então, o que fazemos quando as capacidades de carga dos eixos não fecham com a distribuição de carga oferecida pelo centro de massa de uma carroceria?


Aí temos duas opções:


A) Alterar o comprimento da carroceria

Uma forma muito simples de ajustar o centro de massa ao centro desejado de distribuição dos eixos é diminuir ou aumentar o comprimento da carroceria. Imaginando que não temos muito o que fazer na ponta do baú que está próxima da cabine. Quando aumentamos ou diminuímos a carroceria, estamos aumentando ou diminuindo o peso sobre o eixo traseiro. Em alguns casos, conseguimos diminuir também sobre o dianteiro.

Porém, normalmente temos uma necessidade de determinados comprimentos por conta do volume da carga ou mesmo da composição da carga. É preciso estar atento, porque às vezes alguns poucos centímetros que são retirados para equilibrar melhor a carroceria podem tirar uma linha inteira de pallets. Da mesma forma, pode-se ter uma carroceria maior que o suficiente, que só fará com que se transporte peso desnecessário. Alterar o tamanho da carroceria é o equivalente a mover a bola ao longo do caminhão, como exemplificamos acima.


B) Aumentar ou diminuir o entre-eixo

Chegamos finalmente à questão do entre-eixo. E se o tamanho da carroceria e o PBT do caminhão atendem e não se pode mudar o centro de massa de lugar? Então nós encurtamos ou aumentamos o caminhão! Mais especificamente a distância do eixo traseiro para o primeiro eixo. E porquê fazemos isso? Veja abaixo:


Em vez de levar a bola para trás, utilizamos um caminhão com um entre-eixo menor e tivemos o mesmo resultado: ambos os eixos balanceados. 


Observe que trazendo o eixo traseiro na direção da cabine, diminuímos muito a distância para o centro de massa (medida "b"), enquanto a medida "a" manteve-se constante. 


Essa costuma ser a solução mais simples visto que hoje em dia as montadoras oferecem uma gama bastante extensa de opções de entre-eixos para cada modelo de caminhão.


Se temos um tamanho de baú que atende à necessidade da mesma forma que a capacidade do caminhão em PBT, é preciso então verificar qual dentre os entre-eixos disponíveis que melhor oferece a distribuição de peso adequada. 


Por isso, muita atenção na hora de efetuar a compra de seu caminhão para ver se o entre-eixo é aquele atende melhor as suas necessidades, do contrário problemas surgirão mais à frente.


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